O Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL) surgiu como um programa desenvolvido no pós-25 de Abril por Nuno Portas enquanto secretário de Estado da Habitação e Turismo, com o objectivo de criar alojamento para milhares de pessoas que viviam em condições precárias após o fim da ditadura.
O processo revolucionário de interacção entre arquitectos, técnicos e moradores revelou-se um desafio complexo e mais moroso do que o desejável, o que acabou por revelar as fraquezas de um ideal que aparentemente tinha tudo para dar certo.
O processo revolucionário de interacção entre arquitectos, técnicos e moradores revelou-se um desafio complexo e mais moroso do que o desejável, o que acabou por revelar as fraquezas de um ideal que aparentemente tinha tudo para dar certo.
O projecto de Álvaro Siza para o Bairro da Bouça (1975-77) foi uma das obras que ficaram a meio, o que se traduziu numa ocupação fragmentada e descontextualizada do território, que com o decorrer dos anos se degradou ao ponto de se tornar uma parte esquecida da cidade. Quando se dirigiram ao arquitecto anunciando que as obras iriam ser terminadas 30 anos depois ele nem quis acreditar.
Eu própria, que conhecia o estado do Bairro antes da conclusão da obra, mal acreditei - e mesmo quando o visito agora preciso de olhar para fotos antigas para tomar de novo consciência da enorme diferença entre o antes e o depois.
Após a conclusão das obras em 2006 o Bairro renasceu, com a construção dos 3 equipamentos inicialmente previstos e de 72 novas habitações a juntar às 56 existentes, agora reabilitadas - os fragmentos fazem agora parte do mesmo todo.
Já não se trata agora de realojar pessoas com necessidades, não se pode já falar de habitação social e mal se reconhece no conjunto habitacional o conceito recuperado da ilha portuense que inicialmente deu origem a um desenho voltado para uma vivência comunitária.
Se por um lado o conceito inicial foi desvirtuado, por outro, é inegável o benefício desta transformação para o Bairro, para a cidade e para as pessoas que nela habitam.
Polémicas à parte, tenho que concordar com Nuno Brandão Costa (que tem gabinete na Bouça) quando diz que Não há perversão nenhuma. Os tempos mudaram e as pessoas que estão ali são jovens, estudantes, recém-licenciados que tiveram ali a oportunidade de comprar uma boa casa, barata. Hoje as pessoas que lá estão há 30 anos convivem tão saudavelmente com os novos moradores que até já é difícil distingui-los. - perspectiva também partilhada por Siza.
[Podem ver no meu Flickr fotos tiradas em 2003 (antes da nova intervenção) e 2009 (depois). Descubram as diferenças.
Podem ver aqui um interessante post sobre o projecto, com desenhos técnicos e foto aérea.
Podem consultar aqui um artigo wikipédia sobre Siza, com lista de obras do autor.
Finalmente, se tiverem curiosidade, leiam aqui um artigo sobre o documentário As Operações SAAL.]
Podem ver aqui um interessante post sobre o projecto, com desenhos técnicos e foto aérea.
Podem consultar aqui um artigo wikipédia sobre Siza, com lista de obras do autor.
Finalmente, se tiverem curiosidade, leiam aqui um artigo sobre o documentário As Operações SAAL.]
Polémicas (não) à parte... a verdade é que a venda dos apartamentos foi uma vergonha.
ReplyDeleteOuvi dizer que sim... como não estou totalmente por dentro do assunto é difícil ter uma opinião formada. Sendo assim prefiro afastar-me da polémica e concentrar-me na arquitectura :)
ReplyDeletePara mim foi uma situação muito dúbia... álias basta conferir o preço dos apartamentos e ver quem os comprou.
ReplyDeleteHá mesmo quem diga (não sou eu que o digo, que fique claro, são boatos) que alguns sujeitos conseguiram comprar mais que uma parcela, se assim é, é de facto interessante.
...
ReplyDeleteOlá se possivel gostava de ver respondidas estas 3 perguntas:
ReplyDeleteQuem são os novos habitantes da Bouça?
Que motivações os levaram ali?
Como se relacionam com o bairro e com os habitantes da geração anterior?
obrigada
Olá, não sei se poderei ajudar, mas se for possível, preferia que me contactasse por e-mail!
ReplyDeleteObrigada
Ana
atelier[at]anapina[dot]com