Uma Casa na Escuridão // José Luís Peixoto

Tuesday, 22 August 2017



Mas, devagar, o tempo transformava tudo em tempo. Essa é a explicação da eternidade. Devagar, o tempo transforma tudo em tempo. O ódio transforma-se em tempo, o amor transforma-se em tempo, a dor transforma-se em tempo. Os assuntos que julgámos mais profundos, mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis, transformam-se devagar em tempo. Por si só, o tempo não é nada. A idade de nada é nada. A eternidade não existe e, no entanto, a eternidade existe.

José Luís Peixoto, Uma Casa na Escuridão, p 241

PT
Depois do Livro fiquei com vontade de ler mais José Luís Peixoto, mas confesso que não foi este Uma Casa na Escuridão que preencheu totalmente as expectativas que tinha criado.
Embora tenha muitos momentos maravilhosos e característicos da sensibilidade literária de Peixoto, alguma repetição acabou por cansar-me e tornar a escuridão que se vai adensando ao longo da história cada vez mais negra, talvez demasiado.
O Amor não consegue compensar a espécie de metáfora do fim do mundo que nos espera no final. Saímos derrotados pela morte e vencidos pelo cansaço. Assistimos impotentes a um tempo que se desperdiça entre os dedos, mas parece que nunca mais chega ao fim - irá sem dúvida demorar-se cá dentro.

EN
After Livro I wanted to read more of José Luís Peixoto, but I confess that this A House in Darkness didn't completely fulfilled my expectations.
Even though it has many wonderful moments characteristic of the literary sensibility of Peixoto, some repetition ended up tiring me and making the darkness become more and more black along the way, perhaps too much.
Love isn't able to compensate for the kind of end-of-the-world metaphor that awaits us in the end. We are defeated by death and overcome by fatigue. We watch helplessly for a time that is wasted between the fingers, but seems to never come to an end - it will definitely linger inside.

2 comments:

  1. Senti o mesmo Ana... confesso que nem o acabei.

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    1. Custa-me deixar um livro por terminar, mas confesso que a leitura nem sempre foi fácil... ainda bem que não fui a única a sentir isso. Seja como for, é sempre bom ler JLPeixoto e já tenho outro livro do autor em lista de espera :) vamos lá ver que tal!

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Ana Pina | blog

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