desafio: 15 escritores

Wednesday, 15 December 2010

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O desafio foi lançado aqui. Não gosto muito de dar continuidade a pedidos em cadeia, mas este não podia deixar de aceitar, por duas simples razões. Em primeiro lugar, a Maria tem um dos blogs mais belos que conheço e acompanho regularmente, para além de um trabalho absolutamente delicioso. Em segundo lugar, porque o tema do desafio me diz muito: ler e escrever são para mim das coisas que mais prazer me dão e terei muito gosto em recordar livros que me apaixonaram e partilhar convosco a difícil escolha dos 15 escritores que mais gostei de ler - até hoje, porque muitos mais virão!

É difícil não ceder a combinar nesta lista dois critérios: alguns são nomes de escritores favoritos, outros serão títulos favoritos, porque por um motivo ou por outro não tive oportunidade de ler mais do que uma obra desse autor, ainda que me tenha marcado.

O primeiro nome incontornável é o de José Saramago. Tinha 15 anos quando li o primeiro livro de Saramago, 3 anos antes de ele ganhar o Nobel em 1998, o que me deixou muito orgulhosa. Dos 16 romances que escreveu já li 11 e sei que é uma questão de tempo até os restantes ocuparem o seu lugar na minha biblioteca. É o autor que mais admiro e um dos que mais prazer me dá ler, pela sua personalidade única, a sua ironia e lucidez, o seu humor e capacidade crítica - foi com tristeza que recebi a notícia da sua recente morte e não consegui evitar algumas lágrimas quando me apercebi da inevitabilidade de não mais voltar a ler um novo livro seu... entre os meus favoritos estão Ensaio sobre a Cegueira, Evangelho Segundo Jesus Cristo e Memorial do Convento.

Outro autor português que me cativa e faz pensar é Vergílio Ferreira, que conheci através da Aparição, de leitura obrigatória no meu 12º ano, mas que continuei a ler muito depois disso... bem como António Lobo Antunes, que me fascinou inicialmente com a leitura d'Os Cus de Judas.
Agrada-me a problemática existencialista na obra de Milan Kundera, que chegou até mim pel'A Insustentável Leveza do Ser e a escrita mágica de Gabriel Garcia Marquez, que me deu a conhecer a persistência d'O Amor nos Tempos de Cólera e os perigos e fragilidades do poder durante O Outono do Patriarca.
A curiosidade e o interesse pela leitura de géneros diferentes levou-me ao longo dos anos a descobrir o imaginário de terror de Stephen King, a controvérsia de Henry Miller, o romantismo clássico d'O Monte dos Vendavais, de Emily Brönte, o fascínio pelo universo dos vampiros encontrado em Drácula, de Bram Stoker, a originalidade do vocabulário d'A Laranja Mecânica, de Anthony Burgess, a beleza triste d'O Deus das Pequenas Coisas, de Arundhati Roy ou o sinistro apelo aos sentidos d'O Perfume, de Patrick Süskind, cujo final ainda hoje ecoa na minha memória.

Falando de escrita não podia deixar de parte um dos géneros que grande presença tem tido na minha vida: a poesia. Elejo três dos nomes que sou capaz de ler até à exaustão, repetindo um poema atrás do outro: Fernando Pessoa (sendo o meu heterónimo preferido o Álvaro de Campos), Miguel Torga e Florbela Espanca.

Obrigada a estes e a muitos outros escritores por me fazerem viajar através das suas palavras!
Ainda para além das palavras fazem parte da minha biblioteca muitos livros de arte, arquitectura, viagens e até de culinária, que ocupam um lugar muito especial num dos meus espaços preferidos lá de casa.

Deixo também o convite a quem quiser participar no desafio: partilha os teus 15 escritores favoritos - deixa um comentário ou um link com a resposta, a minha curiosidade é grande!

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4 comments:

  1. Olá Ana!

    Acho que escreves muito bem, é sempre um prazer ler os teus posts!

    15 autores é muito pouco para quem gosta de livros. Tantos que ficam de fora e que foram referências incontornáveis na nossa formação, não é?

    O único escritor que referes que nunca consegui ler, embora tenha tentado muitas vezes, foi José Saramago, cuja forma de estar sempre admirei muito. E não consigo explicar porquê.

    Um beijo*

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  2. Obrigada Maria!
    Este teu desafio foi um óptimo pretexto para me deixar viajar neste mundo da escrita que tanto admiro.
    Tens razão, ficaram muitas obras marcantes de fora, mas achei curioso ver que temos muitos gostos em comum :)
    José Saramago foi, para mim, não só um escritor, mas também um homem extraordinário. Pode ser que no momento certo consigas encarar a sua obra de forma diferente. Eu continuarei a lê-lo sempre! E quando acabarem os livros, volto ao início ;)

    Beijo

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  3. eu nunca fui uma grande leitora de livros, devo dizê-lo de forma aberta. primeiro porque não gostava dos romances comuns que toda a gente me tentava impingir e depois porque não havia muitos escritores que me conseguissem realmente cativar. como uma vez ouvir o manel cruz dizer numa entrevista, mal começava a ler qualquer coisa, surgia-me logo uma ideia para ir fazer qualquer coisa e parava a leitura por ali:D mas, ao contrário da maria, foi talvez com uma das obras do saramago que encontrei uma leitura que não conseguia parar, o ensaio sobre a cegueira foi, para mim, uma das mais geniais obras que li. depois apareceu a leitura de obras de teatro, onde encontrei uma outra forma de ler, não muito comum, mas que a mim me serviu melhor do que qualquer outra. e depois a poesia, fernando pessoa, alexandre o'neil, pablo neruda, al berto, josé luís peixoto, vinicius moraes, entre tantos, tantos outros que me conseguem parar e fazer sentir as palavras como nenhuma outra forma de escrita consegue...

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  4. Olá Sílvia, que bom descobrir que também adoras poesia! Muitas vezes estou em casa (sem tempo para ler tanto como queria...) e pego num dos livros de poesia que tenho, abro numa página à sorte e leio - sinto exactamente o que descreves: páro no tempo e viajo por momentos limitando-me a sentir o que as palavras me transmitem.
    Ensaio Sobre a Cegueira é a obra de Saramago de que mais gostei, é absolutamente genial! A forma como ele nos faz pensar sobre o mundo e a humanidade que nele vive é avassaladora...
    Obrigada por teres aceite o desafio ;)

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Ana Pina | blog

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