Chaves // Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso

0

Monday, 18 December 2017



PT
Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso foi só mais um pretexto para escolher Chaves como destino para um fim-de-semana prolongado, uma simpática cidade transmontana que ainda não conhecia.

O Museu, projecto de Álvaro Siza, foi inaugurado no Verão do ano passado e estende-se junto ao rio, bem perto do centro. Eleva-se do solo para permitir a passagem e algumas brincadeiras fotográficas entre as enigmáticas lâminas com recortes geométricos ao nível do solo, que, aparentemente aleatórias, parecem trazer para a arquitectura as linhas cinéticas das pinturas de Nadir, num jogo de ângulos, direcções, enfiamentos e sombras.
Os percursos são pensados para se poder admirar o edifício como um todo, ao longo da sua fachada eminentemente horizontal, que se repercute no interior através dos rasgos que permitem acompanhar a paisagem envolvente enquanto admiramos as cidades geométricas de Nadir.
Na pintura de Nadir Afonso reconhecem-se arquitecturas e abstracções, fruto das suas vivências profissionais, das suas viagens, da sua forma de ver o mundo, com ordem e método, mas vastos horizontes.
Vale bem a pena a visita!

Como o centro é pequeno e tudo se visita bem a pé, facilmente se passa um dia a visitar o Museu, o percurso ribeirinho que o liga ao jardim das termas, parando a meio para admirar a ponte romana sobre o Tâmega e subindo depois até ao Castelo pela Rua Direita, que nesta altura é fria, mas vem acompanhada de música de Natal.
Não podem ainda deixar de fazer várias pausas pelo caminho para provar e repetir os famosos pastéis de Chaves que, sem dúvida, aqui sabem muito melhor!

EN
The Nadir Afonso Museum of Contemporary Art was just another excuse to choose Chaves as a destination for a long weekend, a friendly city in the north of Portugal that I didn't know yet.

The Museum, a project by Álvaro Siza, was inaugurated in the summer of last year and extends near the river, very close to the center. It rises from the ground to allow passage and some photographic tricks between the enigmatic walls with geometric cutouts in the ground-level, that may appear to be placed by chance, but seem to bring to the architecture the kinetic lines of Nadir's paintings in a game of angles, directions and shadows.
The paths are designed to be able to admire the building as a whole, along its eminently horizontal façade, which is reflected in the interior through the openings that allow to see the surrounding landscape while admiring the geometric cities of Nadir.
Nadir Afonso's painting is filled with architectures and abstractions, fruit of his professional experiences, his travels, his way of seeing the world, with order and method, but vast horizons.
Well worth the visit!

As the center is small and everything is easily visited on foot, it's easy to spend a day visiting the Museum, the riverside route that connects it to the garden of the thermal spa, stopping to admire the Roman bridge over the Tâmega and then ascending to the Castle by Rua Direita, which at this point is cold, but comes with Christmas music.
One must, of course, make several stops along the way to taste and repeat the famous Pastéis de Chaves (a local delicacy of puff pastry and meat), that, without doubt, tastes a lot better here!

Espaço Miguel Torga // Souto de Moura

0

Thursday, 4 February 2016



PT
Depois da visita à Quinta do Portal, seguimos para S. Martinho de Anta, terra onde nasceu Adolfo Correia da Rocha, que havia mais tarde de assinar como Miguel Torga - um dos meus poetas portugueses favoritos.
Aqui Souto de Moura projectou o Espaço Miguel Torga, que desde 2012 alberga uma exposição dedicada à vida e obra do autor, entre outras exposições temporárias.
Expressivos muros de xisto emolduram um jogo de cheio e vazio que contrapõe o edifício ao espaço destinado alternadamente ao mercado e parque de estacionamento para visitantes.
O edifício, voltado sobretudo para o interior, abre-se para o exterior no espaço do café, onde os muros de xisto são interrompidos por um envidraçado voltado para o por-do-sol.
Vejo um muro de pedra duro, fechado e ligado à terra, mas intenso, expressivo e caloroso, como as palavras do poeta.

Princípio

Não tenho deuses. Vivo
Desamparado.
Sonhei deuses outrora,
Mas acordei.
Agora
Os acúleos são versos,
E tacteiam apenas
A ilusão de um suporte.
Mas a inércia da morte,
O descanso da vide na ramada
A contar primaveras uma a uma,
Também me não diz nada.
A paz possível é não ter nenhuma.

Miguel Torga, Penas do Purgatório, 1954

EN
After visiting Quinta do Portal, we went to S. Martinho de Anta, native village of Adolfo Correia da Rocha, who was to later sign as Miguel Torga - one of my favorite Portuguese poets.
Here Souto de Moura designed the Miguel Torga Space, which since 2012 houses an exhibition about the life and work of the author, among other temporary exhibitions.
Expressive schist walls frame a game of full vs empty that opposes the building to the free space that serves alternately the market and parking for visitors.
The building, designed towards the inside, opens to the outside in the cafeteria, where the schist walls are interrupted by a glassed facade facing the sunset.
I see a wall of stone: hard, closed and earthed, but intense, expressive and warm, like the words of the poet.

Quinta do Portal // Álvaro Siza

0

Monday, 1 February 2016



PT
Sábado foi dia de passeio!
Partimos em direcção a Vila Real onde encontramos por acaso um simpático restaurante onde é possível provar o bom vinho e os petiscos característicos de Trás-os-Montes dentro de um tonel de madeira: o Terra de Montanha.
Daí até Sabrosa não é longe e ao início da tarde preparávamo-nos para aliar o bom vinho à boa arquitectura na Quinta do Portal, para uma prova de vinhos e visita guiada ao armazém de estágio e envelhecimento de vinhos.
O projecto de Álvaro Siza insere-se na paisagem da imensa vinha desde 2008 e destaca-se pelas cores quentes do revestimento exterior que combina cappotto laranja, xisto e cortiça. Exigências funcionais e térmicas ditam que a temperatura do interior em betão aparente seja bem mais baixa - nas caves multiplicam-se barris, tonéis e garrafas onde o vinho da Quinta (de mesa, moscatel e do Porto) aprende a ganhar sabor.
No vinho, como no edifício, é o tempo e os detalhes que o dotam de personalidade.

EN
Saturday was day of sightseeing!
We set off towards Vila Real where we bumped with a nice restaurant where you can taste the good wine and typical dishes of Trás-os-Montes in a wooden barrel: Terra de Montanha.
From there to Sabrosa is not far away and in the early afternoon we were ready to combine good wine and good architecture in Quinta do Portal, for a wine tasting and guided tour of the cellars that allow the storage and aging of wines.
The project by Álvaro Siza is part of the landscape of the vast vineyard since 2008 and stands out for the warm colors of the exterior coating that combines orange cappotto, schist and cork. Functional and thermal requirements dictate that the temperature of the interior in exposed concrete is much lower - in the cellars wine in lots of barrels and bottles (wine table, muscat and Port) learns to gain flavor.
In wine, as in the building, is the time and details that grow in personality.

Rio de Onor // Puebla de Sanabria // Mirandela

2

Thursday, 26 March 2015




PT
E para terminar a nossa viagem por terras transmontanas, trago-vos fotos das outras paragens que fizemos, depois de Bragança.

No dia de regresso, antes de voltar ao Porto, fizemos um desvio ainda mais para Norte, atravessando o Parque Natural de Montesinho até Rio de Onor, uma aldeia comunitária junto à fronteira com Espanha onde, entre belas paisagens e casas típicas, pouco se nota a diferença entre os dois países e o tempo parece parar.
Depois de aqui chegar, vale bem a pena subir um pouco mais até outra bela surpresa: Puebla de Sanabria, para um simpático passeio pelo bem conservado conjunto histórico ou para descansar numa das muitas movimentadas sidrerías entre muralhas.
Antes de chegar a casa, tempo ainda para uma paragem pelo caminho, em Mirandela, para algumas compras gastronómicas e um merecido descanso à beira-rio.

Descobrir lugares como estes, alguns deles por pura coincidência ou sorte, é uma das boas surpresas de fazer viagens de carro, com tempo e sem o percurso muito pré-planeado. Fica apenas a pena de não poder fazê-lo mais vezes!

EN
And to end our trip around Trás-os-Montes, I bring you photos of the other stops we made after Bragança.

On the return, before coming back to Porto, we made a detour further north, crossing Montesinho Natural Park to Rio de Onor, a community village near the border with Spain where, among beautiful scenery and typical houses, there's little difference between the two countries and the time seems to stop.
After arriving here, it's well worth going up a little more to another beautiful surprise: Puebla de Sanabria, for a nice stroll through the well-preserved historic site or to rest in one of the many lively sidrerías between walls.
Before reaching home, we still had time for a stop along the way, in Mirandela, for some gastronomic shopping and a well-deserved rest by the rivefront.

To discover places like these, some of them by sheer coincidence or pure luck, is one of the good surprises of a car trip, made with time and without much pre-planned route. It's just a pity that I can't do it more often!

Bragança // Centro de Arte Contemporânea Graça Morais

0

Wednesday, 25 March 2015



PT

Digo o que os outros não podem dizer porque apenas falo de mim.
Graça Morais

Um dos lugares que mais prazer me deu visitar em Bragança foi o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais. Não só porque o edifício se trata de uma obra de recuperação e ampliação da autoria de Souto de Moura, mas também porque há muito admiro o trabalho de Graça Morais, sem nunca ter tido a oportunidade de o ver a esta escala ao vivo.

Faço minhas as palavras de um dos meus poetas preferidos, também ele transmontano, Miguel Torga.

EN

I say what others can't say because I only speak of myself.
Graça Morais

One of the places that gave me more pleasure to visit in Bragança was the Center for Contemporary Art Graça Morais. Not only because the rehabilitation and extension of the building is a project by architect Souto de Moura, but also because I long admire the work of Graça Morais, without ever having had the opportunity to see it live at this scale.

A wonderful kingdom.
I echo the words of one of my favorite poets, also from Trás-os-Montes, Miguel Torga.

Fim-de-semana em Trás-os-Montes // Bragança

0

Monday, 23 March 2015



PT
Durante o fim-de-semana passado fomos receber a Primavera a Trás-os-Montes!
É uma das zonas do país que menos bem conheço, talvez por questões de facilidade de transporte ou outros pretextos, acabo sempre por rumar ao Norte ou ao Sul, de preferência junto ao mar, mas desta vez escolhemos Bragança como ponto de partida para visitar outros lugares do Nordeste português.

Trás-os-Montes viu nascer artistas como Miguel Torga e Graça Morais, por exemplo, que mesmo depois de partirem para outros destinos veem a sua obra indissociável da terra e da humanidade da gente das suas aldeias, habituada a trabalhar o campo - uma fertilidade exigente, que marca linhas nos terrenos e nos rostos. São terras frias e montanhosas, mas de personalidade forte e cores robustas, como as pedras que constroem as suas casas.

No centro histórico de Bragança destaca-se a praça da antiga Sé e o Castelo, que convidam a um passeio ao longo de ruas estreitas, onde nos vamos cruzando com pequenas igrejas a cada esquina, como é habitual no norte do país.

Nota-se uma grande desertificação, sobretudo nas povoações mais pequenas, mas também uma constante presença de espanhóis, trazidos pela proximidade da fronteira.
A comida, essa, é um dos pontos fortes. Difícil é escolher, porque a vontade é provar um pouco de tudo (a menos que se seja vegetariano!) e o tempo não foi muito... enchidos de 1001 variedades, as famosas alheiras, carne de caça e porco bísaro, sempre acompanhados de bom pão e vinho, pois claro.

A estadia foi em Gimonde, na simpática Casa do Lúpulo do complexo A. Montesinho, um óptimo ponto de partida para ficar a conhecer as rotas do Parque Natural com o mesmo nome.
Se forem, não deixem de jantar no D. Roberto, o javali assado estava óptimo!

EN
Last weekend we welcomed Spring in Trás-os-Montes!
It's one of the areas of the country that I know less, perhaps for ease of transportation or other excuses, I always end up heading North or South, preferably by the sea, but this time we chose Bragança as a starting point to visit other places around Portuguese Northeast.

Trás-os-Montes is the birthplace of artists such as Miguel Torga and Graça Morais, for example, that even after leaving to other destinations see their artistic work inseparable from the earth and the humanity of people of villages used to work the fields - a demanding fertility, that carves the lines on land and faces. These are cold and mountainous lands, but with a strong personality and robust colors, such as the stones that build their homes.

In the historic center of Bragança there is the square of the old Cathedral and the Castle, which invite to a walk along narrow streets, where we pass by small churches around every corner, as is usual in the north.

It shows a great desertification, particularly in smaller towns, but also a constant presence of Spanish people, brought by the proximity of the border.
The food is another highlight. The difficulty is to choose, because you'll want to try a bit of everything (unless you're a vegetarian!) and we didn't have much time... 1001 varieties of typical sausages, the famous alheira, game meat and Bisaro pig, always accompanied by good bread and wine, of course.

Our stay was in Gimonde, in the amazing Lúpulo house of the complex A. Montesinho, a great starting point to get to know the routes of the Natural Park of the same name.
If you happen to go there, don't miss a nice dinner at D. Roberto, the roast wild boar was great!

Ana Pina | blog

All rights reserved | Powered by Blogger

^